segunda-feira, 4 de outubro de 2010

O METABOLISMO DOS ÁCIDOS GRAXOS NA ATIVIDADE FÍSICA


O metabolismo dos lipídios: origem, estruturas e formas de armazenamento

Os lípídios são compostos químicos que normalmente não se dissolvem na água (hidrofóbicos), com diferentes características e funções biológicas. Os lipídios são classificados em óleos, gorduras, esteróis, fosfolipídeos, glicolipídios, colesterol, fitosteróis e ácidos graxos livres. Do ponto de vista fisiológico e
clínico, os lipídios biologicamente mais relevantes são os fosfolipídios, o colesterol, os triacilgliceróis e os ácidos graxos. Os fosfolipídios e o colesterol formam a estrutura básica das membranas celulares. O colesterol é também precursor dos hormônios esteróides e dos ácidos biliares.
Os ácidos graxos (AG) são utilizados para a ressíntese do ATP e armazenados na forma de triacilgliceróis (TG). Cerca de 95% da composição de gordura proveniente da dieta é representada por TGs, sendo o restante constituído por outras formas de lipídios. Embora virtualmente todas as células do nosso organismo tenham estoques de TG, que podem ser utilizados como fonte de energia, a maioria dos lipídios está depositada nos tecidos adiposos, que além de armazenar energia funcionam como isolantes térmicos. Os AG armazenados na estrutura de TG nos adipócitos (células do tecido adiposo) podem ser mobilizados para a corrente sanguínea e distribuídos para os demais tecidos. Cada TG é constituído por três moléculas de ácido graxo ligados a uma molécula de glicerol.
Os ácidos graxos são ácidos carboxílicos com cadeias de hidrocarbonetos (ligações entre átomos de carbono e hidrogênio) de diversos tamanhos. O mais comum é o Palmitato, que possui 16 carbonos em sua cadeia. A oxidação dos TG libera mais que o dobro da energia desprendida por massa igual de carboidratos, ou seja, as gorduras têm valor energético maior do que os carboidratos. Os AGs podem ser classificados como saturados (apenas ligações simples entre carbonos), ou insaturados, quando houver ligações duplas na cadeia de hidrocarboneto.

Digestão, absorção e armazenamento de Lipídios
A maioria dos TGs ingeridos na alimentação deverá sofrer ação enzimática de lipases para serem absorvidos pelas células intestinais. Após a absorção, os AGs de cadeia média e curta são conduzidos pela corrente sanguínea diretamente para o fígado. A maioria dos TGs ingeridos na alimentação deverá sofrer ação enzimática de lipases para serem absorvidos pelas células intestinais. Após a absorção, os AGs de cadeia média e curta são conduzidos pela corrente sanguínea diretamente para o fígado. Quase a totalidade dos AGs de cadeia longa são ressintetizados em triacilgliceróis no interior dos enterócitos (células essencialmente absortivas encontradas no intestino) e são transportados por lipoproteínas chamadas de quilomícrons junto com o colesterol absorvido da dieta. Lipoproteínas (LPtn), como o próprio nome sugere, é um conjunto de lipídios e proteínas.
O intestino e o fígado se comunicam de forma especial através do sistema porta. A veia porta propicia que a maioria dos nutrientes absorvidos pelo intestino passe pelo fígado antes de atingir a circulação de todo o corpo (circulação sistêmica). Portanto, os quilomicrons e AGs absorvidos são direcionados ao fígado. A partir deste momento, os TGs e colesterol são transportados de um tecido para o outro através de outras LPTn. Elas são classificadas de acordo com seu tamanho, densidade e pela sua composição tanto lipídica como protéica: lipoproteínas de baixíssima densidade (VLDL) e, em menor proporção, pelas lipoproteínas de baixa densidade (LDL); lipoproteínas de densidade intermediária (IDL) e lipoproteínas de alta densidade (HDL). Além das lipoproteínas Lp(a), cuja função fisiológica não é bem conhecida, mas cujos níveis parecem estar associados ao risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares.
As lipoproteínas de baixíssima densidade (VLDL) exercem papel fundamental no transporte dos AGs sob a forma de TG. As lipoproteínas de baixa densidade (LDL) são responsáveis pela distribuição do colesterol para os tecidos extra-hepáticos. Uma parcela importante do colesterol é transportada na forma de lipoproteína de alta densidade (HDL) e por isso seus níveis correlacionados com um importante papel antiaterogênico. Além disso, as HDL exercem papel fundamental no transporte do colesterol para síntese de ácidos e sais biliares. Após estes esclarecimentos, fica evidente porque o perfil lipídico está associado à prevenção de possíveis doenças cardiovasculares.
Evidências reforçam a existência de um sistema transportador para os AGs que não são conduzidos por LPTn. Incluem-se neste caso, as FATP (proteínas transportadoras de AG), as FABP (proteínas ligantes de AG) e a Enzima Translocadora de AGs nas membranas celulares.
De forma geral, nos enterócitos, as FATP desempenham um papel fundamental na captação dos AGs de cadeia longa. Já o intestino, o fígado e os adipócitos, tecidos com altas taxas de captação e armazenamento dos AGs, apresentam elevados níveis de FABP, que transportam e distribuem intracelularmente os AGs de cadeia longa (com uma possível participação na absorção destes).

Nenhum comentário:

Postar um comentário