sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Aborto Pré-Clínico


Alguns embriões morrem logo após a implantação, sendo identificados pela queda dos níveis plasmáticos de hCG. Outros se aderem tão brevemente ao endométrio que produzem hCG insuficiente para serem detectados. Esses aumentos transitórios do hCG falham em manter o corpo lúteo, resultando em gravidez bioquímica ou aborto pré-clínico, antes da falha menstrual.

Os embriões que morrem antes de 21 dias pós-captação são rotulados como gravidez bioquímica porque não são detectados ao USG. Outros embriões mantêm a produção de hCG até por 28 dias, contudo não sendo detectados ao USG, também constituem aborto pré-clínico. Esses tipos de morte embrionária podem acompanhar gestações gemelares, constituindo assim, a forma mais precoce de fetos "Vanishing". Sua modesta secreção de hCG é mascarada pela produção do feto normal, sendo que sua presença dentro do útero passa desapercebida. Eles constituem apenas vesículas trofoblásticas.

Gestações Bioquímicas correspondem a 10 a 12% dos ciclos de FIV. Metade delas desaparecem 2 a 3 semanas após a transferência e, possivelmente, tão logo o blastocisto se implante, quando os níveis de hCG são menores que 21 mUI/l . Algumas clínicas referem até 15% de gestações bioquímicas. A incidência diminui com o aumento do número de embriões transferidos.

A frequência gira em torno de 15,4% transferindo-se 1 embrião, 12,8 % transferindo-se 2 embriões e cai para 5,1% quando se transfere 3 embriões. Alguns exames podem ser utilizados na investigação da gestação do primeiro trimestre de acordo com o período gestacional, detectando a presença da gestação, a implantação, anomalias genéticas, bem como o seu prognóstico.

Tabela-1: Tipos de exames utilizados para avaliar a gestação inicial, a implantação e o prognóstico da gravidez.


1) Concepção: - EPF (early pregnancy factor)
2) Implantação: - EDPAF (fator ativador de plaquetas derivado de embriões) SP1 (Schwangerschafts Protein 1 ou Glicoproteína beta1 específica da gravidez) - USG Saco Gestacional, Vesícula Vitelina, Batimentos Cardíacos Eembrionários

3) Prognóstico: - SP1- Gonadotrofina Coriônica (hCG)-PAPP-A (Proteína Plasmática A associada à gravidez)-AFP (Alfa Feto Proteína) -USG (Comprimento Crâneo Nádegas, Batimentos Cardíacos, Saco Gestacional)

4)Diagnóstico Genético: - Biópsia de Vilo Coriônico (CVS) -AFP -Estriol não conjugado -Gonadotrofina Coriônica (hCG) - relação de subunidades livres -USG (vaginal com probes de alta resolução) Baixos níveis de Beta-hCG no dia 11 pós-captação dos oócitos, quando o diagnóstico de gravidez é feito, indicam frequentemente o início dessas perdas precoces. O valor de corte para algumas clínicas é 21 mUI/l no 12º dia pós-transferência.

As gestações bioquímicas não são mais frequentes em mães com doenças tipo endometriose e outras, o que pode indicar que esses embriões estão fadados a morrer desde o momento da fertilização.  O aborto pré-clínico é uma realidade, contudo deve ser listado separadamente dos outros tipos de aborto e não deve fazer parte das estimativas de taxas de gravidez, a menos que sejam explicitamente estabelecidos.

Análises de "follow-up" mostram como muitas pacientes com essas perdas precoces engravidam em um ciclo subsequente. Sua situação é diferente de pacientes com abortos causados por anomalias cromossômicas ou de pacientes com aborto tubáreo em virtude de patologia tubárea.

Por outro lado, algumas pacientes com gestação bioquímica anterior apresentam risco de aborto subsequente maior, possivelmente mais tardio na gestação, com um número também menor de partos.
Gestações Bioquímicas constituem uma verdade e um problema em Reprodução Assistida.
 
De acordo com algumas estimativas de Edmonds (1982) cerca de 2/3 das gestações espontâneas terminam como abortos pré-clínicos. Sua frequência atual parece ser mais baixa e foi estimada em 22% de 198 gestações identificadas pelo aumento do hCG, porém sem detecção ao USG. (Wilcox AJ 1988). A maioria delas ocorreu em pacientes com espessura endometrial menor que 9 mm e sua origem não estava relacionada com os níveis de Estradiol.

Não se conseguiu determinar as suas causas. Forma mais tardia de mortes embrionárias, tais como "Ovo Cego" e falta de partes do embrião podem ser detectadas pelo USG e pelo aumento do hCG. Nesses casos podemos determinar a causa: Insuficiência Lútea, Diminuição da amplitude do pulso de Progesterona, ciclos alúteos, Anomalias genéticas. "

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